Algoritmos e IA redefinem relacionamentos online (Imagem: Buffik/Pixabay). |
Nas últimas duas décadas, as mídias sociais têm desempenhado um papel crucial na forma como as pessoas se conectam, compartilham e interagem no meio digital. Contudo, a evolução dessas plataformas tem mudado a natureza do que significa "ser social". Enquanto antes elas eram sobre interações pessoais, agora estão se tornando mais impessoais, priorizando conteúdos virais e entretenimento sobre interações pessoais. A ascensão dos algoritmos de comportamento e a inteligência artificial sob o controle do usuário, são peças-chave na redefinição da forma como nos relacionamos on-line.
Anteriormente, as mídias sociais eram como um teatro, onde as pessoas representavam suas vidas, compartilhando momentos significativos e memórias. Essa representação está sendo substituída por uma exposição econômica, onde a intimidade é vendida e consumida como uma mercadoria.
Como discutido por Byung-Chul Han, as mídias sociais e os mecanismos de busca criaram um espaço onde a negatividade é eliminada, e apenas o "eu" e os "iguais" são encontrados. Essa proximidade digital transformou a internet em uma esfera íntima, onde o mundo é privatizado e a consciência crítica é suprimida. A transparência é buscada através da exposição de sentimentos e emoções íntimos, criando uma sociedade onde a exposição é a norma.
Na nova era das plataformas sociais, a face humana se tornou uma face desprovida de sua essência. Han ressalta que a face é agora uma mercadoria, uma "superfície transparente sem a áurea da visão". Assim, cada indivíduo se torna seu próprio objeto-propaganda, e tudo é mensurado em termos de seu valor expositivo. O mundo é transformado em um mercado de exposição, onde a intimidade é vendida e consumida, e a crítica é substituída pela aceitação do eu e dos iguais.
Por fim, é certo dizer que a evolução dessas plataformas tem mudado gradualmente a forma como nos relacionamos on-line. Do teatro ao mercado de exposição, as redes vem alterando nossa percepção sobre comunicação e informação em larga escala. Cada vez mais, acreditamos que mais informações automaticamente nos tornarão mais sábios ou mais esclarecidos. A verdade é que a qualidade das informações é muito mais importante do que a quantidade. Afinal, podemos ter acesso a uma quantidade infinita de dados, mas se não soubermos como interpretá-los ou como separar o trigo do joio, essas informações são inúteis.
O desafio é encontrar um equilíbrio entre a exposição, a crítica e o teor das informações, para que possamos voltar a nos relacionar no digital. Dessa vez, de uma forma mais autêntica e significativa, priorizando conteúdos valorosos. Qual será a nova natureza das mídias sociais?