Setor de mídia tem queda de -10,7%, aponta Mapeamento da Indústria Criativa

Mapeamento da Indústria Criativa mostra que áreas como Cultura e Mídia tiveram queda. (Foto: Lukas Bieri/Pixabay/Reprodução)

Os setores de cultura e mídia, registraram uma queda de -7,2% e -10,7%, respectivamente, na contratação de profissionais, conforme a nova edição do Mapeamento da Indústria Criativa. De acordo com a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), responsável pelo levantamento nacional, a contração das vagas no setor de mídia é de caráter estrutural, consequente de inovações tecnológicas que alteraram a forma como os agentes produzem, disseminam e consomem o conteúdo. 

“Colaboram para este cenário, as alterações nas relações de trabalho, que não ocorrem mais em formato de contratações generalizadas e foram impactadas pelas mudanças físicas geradas pela pandemia”, explica o vice-presidente da Firjan, Leonardo Edde. 

Nesta edição, o estudo foi dividido em quatro áreas criativas (Tecnologia, Consumo, Mídia e Cultura), e considerou os dados do mercado de trabalho formal. 

Analises
O mapeamento analisou o setor entre 2017 e 2020 e mostrou que o número de profissionais criativos, apesar da crise, cresceu 11,7% em relação a 2017. Hoje, o Brasil conta com 935 mil profissionais criativos formalmente empregados, o que equivale a 70% de toda a mão de obra que atua na indústria metal mecânica brasileira.

Em relação à cultura, Edde que também é presidente do Conselho de Indústria Criativa da federação, pontua que o setor já vinha enfrentando dificuldades em razão de desafios institucionais ligados a novas legislações, como a alteração na Lei Rouanet, que estabeleceu a redução de 50% no limite para captação de recursos e a diminuição de cachês.

“As produções criativas nos ajudaram a encarar os dias difíceis de pandemia e a manter a saúde mental no isolamento. O problema é que nós apenas consumimos, mas não geramos mais dessa riqueza em razão do isolamento e de outras barreiras físicas geradas pela pandemia. Ou seja: aumentou o consumo e caiu a produção cultural”, analisa.

Consumo
Conforme o estudo, consumo e tecnologia representam mais de 85% dos vínculos empregatícios. "O crescimento foi robusto, com taxas de expansão de 20,0% e 12,8%, respectivamente, um reflexo direto da expansão da tecnologia na pandemia e da necessidade da transformação digital de empresas de todos os segmentos para aumento de eficiência", pontua.

Puxado pelas áreas de tecnologia e consumo, a participação do PIB Criativo no total do PIB  brasileiro passou de 2,61% em 2017 para 2,91% em 2020, totalizando R$ 217,4 bilhões. O valor, conforme a gerente de ambientes de inovação da Firjan, Julia Zardo, é comparável à produção total do setor de construção civil e superior à produção total do setor de extrativo mineral.

“Este estudo serve para conhecermos mais o setor da Indústria Criativa, estimular políticas públicas específicas e orientadas para cada setor, além de ajudar a definir estratégias de negócio para as áreas”, explica a gerente.

Destaques
Em um cenário em que o Brasil encerrou 45 mil postos de trabalho, 10 profissões geraram 110 mil novas ocupações no período de 2017 a 2020. São elas: Analista de Negócios, Analista de Pesquisa de Mercado, Programadores/Desenvolvedores, Biomédico, Visual Merchandising, Gerentes de Tecnologia da Informação, Designer Gráfico, Pesquisadores em geral, Gerente de Marketing e Engenheiros da área P&D.

Conforme a gerente da Firjan, Julia Zardo, as ocupações são fruto de modificações estruturais nas relações de trabalho, não somente dentro dos setores criativos, como também da economia como um todo. 

“Vivemos uma nova era onde as engrenagens da economia criativa são cada vez menos tangíveis. O profissional criativo, portanto, é essencial para navegar neste novo cenário, mapeando tendências, otimizando a experiência dos consumidores e promovendo uma maior sinergia entre inovação, desenvolvimento, produção, distribuição e consumo”, finaliza.

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