O estudo aponta que cerca de 35,5 milhões de pessoas ainda não utilizam a internet no País. (Foto: Jan Vasek/Pixabay/Reprodução) |
O uso do celular prevalece como o principal meio para acessar a internet por 64% dos usuários brasileiros, segundo dados da pesquisa TIC Domicílios 2021, pelo Comitê Gestor da internet no Brasil (CGI.br). O estudo revela que o celular é o principal dispositivo de acesso à rede desde 2015, havendo um aumento de 6 pontos percentuais no uso exclusivo dos smartphones entre 2019 e 2021. Em comparação aos dados coletados em 2019, a presença de conexão de internet nos domicílios aumentou em todos os estratos analisados, notadamente, nas classes D/E (61%, com aumento de 11 pontos percentuais). Apesar dos indicadores promissores, o país ainda conta com mais de 35 milhões de pessoas sem acesso à internet.
“A 17ª edição da pesquisa confirma a relevância do acesso à internet no contexto proporcionado pela emergência da Covid-19, em especial com o avanço das atividades de trabalho e estudo remotos. Em comparação ao período que antecede a crise sanitária, houve uma ampliação da presença da internet nos domicílios e de seu uso por indivíduos”, disse o gerente do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), Alexandre Barbosa.
A pesquisa, lançada na terça-feira (21), também revelou que o uso exclusivo do telefone celular para acessar a rede é maior entre os que vivem nas áreas rurais (83%), no Nordeste (75%), entre pretos (65%) e pardos (69%), de 60 anos ou mais (80%) e aqueles que pertencem às classes D/E (89%). Entre os usuários da classe C, o acesso à internet exclusivamente pelo celular passou de 61% em 2019 para 67% em 2021, atingindo um contingente de 51 milhões de pessoas. Os dados foram coletados entre outubro de 2021 e março de 2022, e incluiu 23.950 domicílios e 21.011 indivíduos.
“A despeito da demanda por conectividade criada pela pandemia, não houve uma grande incorporação de computadores nos domicílios brasileiros. O seu uso ocorre principalmente entre as pessoas das classes mais altas e mais escolarizadas. Estas, aliás, tendem a usar a internet a partir de múltiplos dispositivos e se conectam tanto pela rede móvel quanto por Wi-Fi, o que facilita a realização de um gama maior de atividades na rede. Este fator tem um impacto importante no desenvolvimento de habilidades digitais”, aponta Barbosa.
Conexão de internet nos domicílios
De acordo com a pesquisa TIC Domicílios 2021, do ponto de vista da conectividade, a disparidade entre os domicílios das classes A e D/E vem diminuindo nos últimos anos, sendo que a diferença entre esses estratos passou de 85 pontos percentuais em 2015 para 39 pontos em 2021.
A pesquisa revela que os domicílios das áreas rurais brasileiras estão mais conectados à Internet. Entre 2019 (período pré-pandemia) e 2021, houve um acréscimo de 20 pontos percentuais na proporção de residências com acesso à rede nessas regiões, passando de 51% para 71%.
Entre os domicílios conectados, a presença de cabo ou fibra óptica como o principal tipo de conexão à rede ocorre em 61% dos domicílios, aponta o estudo. A penetração de conexão via cabo ou fibra óptica é menor nas regiões Norte (53%) e Nordeste (54%). Na região Norte também é maior o percentual de domicílios que têm as redes móveis como principal tipo de conexão (33%).
Já a presença de computadores nos domicílios, manteve-se em 39%, patamar semelhante ao observado em 2019 (período pré-pandemia), revelam os dados da TIC. O estudo indica que enquanto houve um cenário de estabilidade nos domicílios das classes mais altas, onde o computador já é mais presente (99% nos domicílios da classe A e 83% nos da classe B), nas classes D/E, a proporção de domicílios com computador diminuiu de 14% em 2019 para 10% em 2021. Nas áreas rurais, a presença de computador nos domicílios é mais reduzida (20%) em comparação aos domicílios em localidades urbanas (42%). Dados complementares divulgados pela Agência Brasil, apontam que cerca de 35,5 milhões de pessoas, com dez anos de idade ou mais, ainda não utilizam a internet no País.
A pesquisa, realizada anualmente desde 2005, tem como objetivo principal medir a posse e o uso das tecnologias de informação e de comunicação entre a população residente no Brasil com idade de 10 anos ou mais. A população-alvo do estudo é composta por domicílios particulares permanentes brasileiros e também por todos os indivíduos com 10 anos de idade ou mais. Em razão das medidas de distanciamento social provocadas pela pandemia Covid-19, em 2020 a pesquisa teve a sua metodologia adaptada, sendo realizada preferencialmente pelo telefone. Já em 2021, o estudo voltou a adotar um modelo de coleta integralmente presencial.